Brasil

Cachaças de Paraty – conheça 4 alambiques

Foi a mais importante região produtora de pinga no Brasil Colônia e fomos conhecer as cachaças de Paraty. Acredita-se que os primeiros alambiques de cachaça em Paraty surgiram a partir do ano de 1600, por iniciativa de vicentinos que se estabeleceram mais ao norte da povoação onde se ergueu o Engenho dos Erasmos, talvez provavelmente local de nascimento da cachaça.

A pinga produzida na região fez tanta fama pela sua qualidade de tal forma que, segundo Monsenhor Pizarro e outros historiadores, custava mais caro que todas as demais no país. Com uma importância sócio-econômica tão grande desde 1700 de tal sorte que acabou tendo seu próprio nome (Paraty) como sinônimo de aguardente até meados do século XX.

Eram 100 alambiques, no passado

Antigamente, funcionavam mais de 100 alambiques de aguardente no município em meados de 1700, mas hoje a cidade conta hoje apenas com sete:

  • Alambique Coqueiro
  • Cachaçaria Corisco
  • Alambique Maria Izabel
  • Cachaçaria Paratiana e Mulatinha
  • Alambique Pedra Branca
  • Cachaçaria Maré Cheia
  • Engenho D’Ouro

Quando comparamos com números antigos, pode parecer pouco, mas é uma das cidades com maior densidade de alambiques por habitante do planeta! E, de fato, todos os engenhos fazem cachaça de altíssimo nível. Nós conhecemos quatro desses locais.

A cachaça de Paraty está voltando ao seu antigo auge pois, atualmente, a bebida vem conquistado o paladar dos turistas e ganhando fama pelo Brasil. Acima de tudo, a cidade volta a ser conhecida por sua bebida artesanal de qualidade, mantendo as suas práticas tradicionais de produção e introduzindo um toque de modernidade.

O que faz então a cachaça ser tão especial?! Alguns afirmam que é a cana-de-açúcar que, por ser plantada entre serra e mar, tem um menor teor de sacarose, de tal forma que isso faria o líquido mais saboroso. Outros dizem que é o frescor da cachaça nova porque ela não absorve as propriedades da madeira.

Cachaça como a de Paraty não se encontra em nenhum outro lugar e várias são premiadas não só no Brasil como também internacionalmente.

Na cidade, é vendida uma bebida tradicional a base de cachaça da região que é a Gabriela, por causa da adição de cravo, canela e melado de cana. É com ela se faz o delicioso drinque Jorge Amado que você não pode deixar de provar, mas achamos bem doce a bebida e gostosa.

Certificação das cachaças de Paraty

A IG, que é a indicação geográfica, resulta na fidelização do consumidor, que saberá devido a etiqueta de onde vem o produto, a qualidade e características locais.

Constitui um instituto jurídico, previsto na Lei da Propriedade Industrial, de 1996, que visa reconhecer e proteger o nome geográfico de pais, região ou localidade, que identifique algum produto ou serviço típico.

Na Europa, já se usa esse tipo de certificação há algum tempo, existindo assim mais de 3 mil produtos agropecuários com certificados de IG. No Brasil, a certificação é recente sendo que existem apenas 6 produtos com o selo de Indicação de Procedência e é de Paraty a primeira cachaça brasileira a receber esta certificação.

A IG realiza-se através de um registro junto ao INPI, que expede um Certificado específico. Entre nós, existem dois tipos de Indicação Geográfica: a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem.

O Certificado que a Cachaça de Paraty recebeu do INPI, em 2007, foi o de Indicação de Procedência, isto é, o direito exclusivo de somente as pingas fabricadas no município exibirem em seus rótulos a indicação.

Alambique Engenho D’ouro

Recebeu seu nome em homenagem à Estrada do Ouro e, de acordo com nossas pesquisas, possui uma produção média de 12 mil litros por ano. O fundador foi Francisco Carneiro que, em primeiro lugar, começou a produzir cachaça por hobby. Hoje, Norival Carneiro comanda o alambique junto com suas irmãs que cuidam, não apenas do restaurante, mas também do bar e da pequena fábrica de farinha, que também se encontram na propriedade.

Além disso, eles possuem também, na propriedade, um restaurante de comida mineira, doceria e um mini museu de como eram feitas as cachaças antigamente.

É a primeira e única cachaçaria do Brasil que vende o aguardente em embalagem a vácuo que nós provamos e, contudo, ela é bem forte. A que mais gostamos é uma ouro edição especial de 4 anos.

Cachaças premiadas:

  • Premium Carvalho com Medalha de Prata no Concurso Mundial de Bruxelas (2019);
  • Extra Premium Carvalho com Medalha de Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas (2018);
  • Prata Inox (Prata) e Gabriela (Bronze) 2 Medalhas no Concurso Expocachaça BH/MG (2017);
  • Gabriela com Medalha de Prata no Concurso Mundial de Bruxelas (2017);
  • Extra Premium Carvalho com Medalha de Ouro no Concurso Expocachaça BH/MG com (2018);
  • Premium Jequitibá e Carvalho com 2 Medalhas Gran Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas (2016).

Localizado na Rodovia Parati-Cunha, 7833, Km 8, com um caminho sinuoso, mas vale a viagem. Há outros atrativos próximos e, só para ilustrar, em frente, estão localizadas a cachoeira do Tobogã e do Poço do Tarzã. Escrevemos sobre eles no nosso post sobre o que fazer Paraty.

Restaurante engenho D’Ouro
Doceria no alambique engenho d’ouro
Maquina para fazer cachaça a vácuo
Casa Chiquinho Carneiro

Alambique Pedra Branca

Iniciou a construção no ano de 2007, com a gestão pelo produtor Lúcio Gama Freire, a base de projeto tem características culturais de produção das cachaças de Paraty, alinhadas com critérios de sustentabilidade e responsabilidade ambiental e social. No ano de 2009, a instalação dos equipamentos finalizou e a produção da cachaça Pedra Branca iniciou.

O Alambique Pedra Branca, fica voltando do Engenho D’ouro. O tour sobre a fabricação e funcionamento do alambique está sendo feito por vídeo por causa da pandemia e com os cartazes sobre a colheita manua, como se faz a destilação e o armazenamento da bebida.

Além disso, a empresa produz outros derivados da cana de açúcar (melado de cana, rapadura e açúcar mascavo) e aguardentes, ou seja, bebidas à base de cachaça com adição de ingredientes externos e licores.

Localizada na Estrada da Pedra Branca km 01 no bairro da Ponte Branca no município de Paraty. 

Cachacaria Pedra Branca
Cachaças da cachaçaria Pedra Branca

Cachaçaria Paratiana com cachaças de Paraty

A história do alambique inicia em Janeiro da 1996. Carlos José Gama Miranda ( Casé ) junto com Dom João Orleans e Bragança, iniciam no bairro do Corisco uma sociedade na produção da Cachaça Maré Alta.

Em abril de 1999, Casé inicia uma nova sociedade com seu irmão Paulo Eduardo Gama Miranda e abriu um novo Alambique, em um antigo casarão, cercado pela mata atlântica ladeado de cachoeira no bairro Pedra Branca e lança a Cachaça Paratiana Labareda.

Fica um pouco mais para fente do alambique Pedra Branca, na mesma estrada. A visitação está acontecendo e feita de maneira individual se você quiser e não tem nenhum valor adicional . No final da visita, tem o museu da cachaça com mais de 400 rótulos de cachaças feitas no Brasil.

Adoramos o lugar e a cachaça a Paratiana extra Premium que eles exportam para Alemanha mas não tem degustação. Todas as outras podem ser provadas e gostamos mais da Paratiana Labareda que possui um gosto bem suave, apesar do nome.

Cachaças premiadas Paratiana:

  • Prata com medalha de ouro no concurso mundial de destilados do Brasil e no New York Competition (2018)
  • Extra Premium – cachaça envelhecida 5 anos – com medalha de Prata na Expocachaça (2017), medalha de Bronze no Concurso Mundial de Destilados de Nova Iorque (2017), medalha de Prata no Concurso Mundial de Bruxelas Brasil (2017) e medalha de Ouro no Concours Mondial de Bruxelles (2017)
  • Labareda com medalha Prata no New York Competition (2018) e Medalha de Ouro na China Wine & Spirits Awards (2018)

Localizado na Estrada da Pedra Branca KM 1 no numero 1100.

Cachaçaria Paratiana
Produção da cachaças da cachaçaria Paratiana
Cachaças da cachaçaria Paratiana

Cachaça Coqueiro de Paraty

Em resumo, a história da Cachaça Coqueiro começou há 217 anos atrás, no ano de 1803, na Fazenda Cabral, e é a primeira cachaçaria do Brasil.

Para chegar a este alambique, você deve seguir pela BR-101, de maneira idêntica ao caminho para Paraty Mirim, na direção do Estado de São Paulo, a uns 10 quilômetros do Centro Histórico. Ali, os Mello mantém a tradição familiar que remonta ao século XVIII.

É não apenas a primeira como a única cachaça a receber o Certificado de Qualidade e Excelência do Ministério da Agricultura. Em 2007, conquistou o certificado de Indicação Geográfica, concedido pelo INPI, Instituto Nacional de Propriedade Industrial, na modalidade Indicação de Procedência para as cachaças de Paraty.

Cachaças premiadas:

  • Coqueiro Ouro com Entre as melhores Cachaças Brancas no Ranking da Cúpula da Cachaça (2017, 2018 e 2019); Medalha de Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas em (2016, 2017 e 2019); Considerada a maravilha gastronômica no estado do Rio de Janeiro (2015); Medalha de Prata na Expocacachaça Belo Horizonte (2017) e Medalha de Prata na Expocachaça São Paulo em (2013 e 2012).
  • Coqueiro Prata com Medalha de Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas (2017); Medalha de Prata na Expocachaça em Belo Horizonte (2017); entre as melhores Cachaças Brancas no Ranking da Cúpula da Cachaça em 2017, 2018 e 2019.

Localizada na Rio-Santos e, seis quilômetros após o trevo de Paraty, Fazenda Cabral 2º Distrito, ficar de olho na placa que indica o caminho para a fazenda.

Cachaçaria Coqueiro
Cachaças da Cachaçaria Coqueiro

Curiosidades sobre as cachaças de Paraty

A destilação é feita em alambiques de cobre e apenas a melhor parte do destilado é extraída do processo e envelhecida em barris de amendoim, carvalho, jequitibá e umburana, o amendoim madeira clara, ou seja, cada um deixará sua cor e sabor diferente para cada cachaça.

As curtidas em carvalho emprestam a cor dourada para a cachaça ouro e uma textura levemente oleosa, fazendo que marque bem o gosto mas que desça macio, ficando em média dois anos, mas pode ficar até seis anos ou mais. O jequitibá possui sabor e aromas marcantes e único, com gosto mais acentuado da cana-de-açúcar. A umburana, também conhecida como cerejeiro, tem como grande diferencial o aroma frutado adquirido pelo seu envelhecimento e, além disso, adquire uma moderada cor amarelada proveniente da madeira.

Já a Prata, primeiramente, fica um ano num barril de amendoim-bravo, uma madeira brasileira; e a cachaça pura fica por apenas três meses num tonel de inox, sem contato com madeira. Além disso, é indicada pra misturas nas cachaças de Paraty.

Fazendo assim cachaça para todos gostos, sabores e drinks.

Saiba mais sobre a nossa viagem em Paraty.

Carol Varuzzi

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